Fevereiro chegou e junto com o ele o início do ano letivo nas escolas brasileiras. Com a vacinação das crianças contra a Covid-19 já acontecendo, mais pais se sentem confiantes de enviar os filhos para o ensino presencial. E, assim, muitos deles aproveitam para mostrar nas redes sociais os pequenos bem bonitinhos e arrumadinhos vestindo os uniformes dos colégios.
Mas, o ato que pode parecer inofensivo esconde um grande perigo. A exposição das crianças vestindo as roupas das escolas, seja no Facebook, Instagram ou Twitter, pode ajudar criminosos que usam da engenharia social, ato de montar um perfil das possíveis vítimas, com mais informações sobre a vida daquela pessoa.
Quais os perigos de publicar fotos das crianças de uniforme?
De acordo com Ana Paula Canto de Lima, presidente da Comissão de Privacidade e Proteção de Dados (CPPD) da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Pernambuco (OAB-PE), existem diversos riscos com a postagem de imagens das crianças vestindo os uniformes escolares. Ela destaca que esses golpistas que fazem engenharia social fazem uma ampla pesquisa de dados deixados públicos ou mesmo coisas arquivadas pelo governo.
“Com meu nome, ele chega em CNPJ ou mesmo Instagram, LinkedIn. Vão ver meus pais, se tenho filhos. Isso ajuda o golpe que estão orquestrando. Usam isso pra pedir dinheiro, dissimular um novo número de telefone, dizendo ‘pai troquei de número’, depois pede Pix, empréstimo”, destacou Canto de Lima.
Com o mesmo método, eles podem chegar aos menores. “De repente até dizer que sequestrou, que está pedindo resgate. Ou dependendo do nível dos criminosos, partir para a execução de fato de sequestrar. Pode ficar no plano das ideias, acreditarmos e fazermos pagamento do resgate, ou realmente ter essa consequência que não queremos quando disponibilizamos foto do filho de uniforme”, emendou.
Quais os cuidados os pais devem ter?
A presidente da CPPD da OAB-PE afirma que os pais devem ter esse cuidado ao publicar as fotos das crianças vestindo uniforme escolar nas redes sociais, mas não só isso. É preciso também ficar atento ao divulgar a imagem dos pequenos em locais reconhecidos, como clubes, escolinhas de futebol ou balé. Ou seja, algo que facilite a localização física ou mesmo a montagem do perfil para um possível golpe.
Outro detalhe apontado por Ana Paula Canto de Lima é realizar o checkin nos lugares nas redes sociais, no momento em que se está naquele ambiente. Isso deixa o usuário vulnerável, independente de ser na escola ou mesmo um restaurante, por exemplo. Principalmente quando o perfil não é privado. Se quiser realmente mostrar a localização, ela aconselha a fazer isso após deixar o local.
Também é importante não compartilhar senhas com outros usuários, em caso de perfil trancado, e não clicar em links suspeitos, para não perder a conta. “Isso se repete em relação aos filhos. Se coloca com uniforme e tira foto, expõe a uma situação que pode se virar contra você. É muito importante ter essa consciência para não sermos vitimas de nós mesmos”, acrescentou.
E a escola pode publicar imagens dos alunos?
Em pleno 2022, é bem normal todo tipo de estabelecimento ter uma conta nas redes sociais. Isso inclui as escolas, que também mostram parte da rotina dos alunos no Instagram, por exemplo. Mas, para isso, a instituição precisa ter uma autorização dos pais. Qualquer dado de uma pessoa menor precisa ter o consentimento dos responsáveis, seja para armazenar ou compartilhar.
“A escola que quer fazer exposição da imagem de uma criança em mídia social precisa do consentimento expresso e destacado. Pode estar no contrato, mas, mesmo estando no contrato, não significa dizer que no momento que ela vai expor, não precise pedir novamente”, concluiu Ana Paula Canto de Lima.
Ah, tios e tias! Isso também vale para os parentes e amigos. Qualquer pessoa que deseje publicar fotos ou vídeos nas redes sociais de crianças que não são seus filhos precisam pedir aos pais para compartilhar o material.
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