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Projeto para privatização dos Correios é entregue pelo Presidente Jair Bolsonaro ao Congreso



BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro entregou ao Congresso, no início da noite desta quarta-feira, um projeto de lei para privatizar os Correios, conforme antecipou O GLOBO. Pelo segundo dia consecutivo, o presidente foi ao Parlamento pessoalmente.

O movimento repete a edição de uma medida provisória (MP) para privatizar a Eletrobras, ontem, quando Bolsonaro também foi ao Congresso num gesto que foi visto mais como uma tentativa de mostrar aderência à agenda liberal o ministro da Economia, Paulo Guedes, após a crise gerada por sua interferência na Petrobras.

A medida ocorre na esteira da movimentação do Palácio do Planalto para sinalizar apoio à agenda de privatizações defendida por Paulo Guedes.

O caráter liberal do governo perdeu mais credibilidade após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras, considerada por agentes do mercado uma intervenção na petroleira.

Num evento no Palácio do Planalto, pouco antes de ir ao Congresso, Bolsonaro negou que a entrega das privatizações de Eletrobras e Correios tenham relação com a crise na Petrobras, e disse o mesmo sobre a autonomia do Banco Central (BC), que sancionou naquela cerimônia:

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CASA DA MOEDA - Fundada em 1694, está instalada em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e tem capacidade para produzir cerca de 2,6 bilhões de cédulas e quatro bilhões de moedas por ano Foto: Wania Corredo / Agência O Globo
TELEBRAS - Empresa tem entre as suas atribuições fomentar e difundir o uso e fornecimento de bens e serviços de tecnologias de informação e comunicação no país. Com expectativas sobre privatização, ações chegaram a subir 40% nesta quarta-feira (21) Foto:
TRENSURB - A Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre opera uma linha de trens urbanos com extensão de 43,8 quilômetros, no eixo norte da Região Metropolitana da cidade. Tem 22 estações e uma frota de 25 trens (com outros 15 sendo integrados) Foto:
CORREIOS - Empresa está presente em mais de 5,5 mil municípios brasileiros e encerrou 2018 com lucro líquido de R$ 161 milhões. Abriu recentemente um Plano de Desligamento Voluntário, que teve a adesão de 4,8 mil funcionários Foto: Fotoarena / Agência O Globo
ELETROBRAS - Líder em geração e transmissão de energia elétrica no Brasil, é a maior companhia do setor elétrico da América Latina. No segundo trimestre do ano, registrou lucro líquido de R$ 5,5 bilhões, resultado 305% superior a igual período do ano passado Foto: Nadia Sussman / Bloomberg

DATAPREV - A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social fornece soluções de TI para o Estado, tem unidades em cinco estados (CE, PB, RN, RJ, SC) e três data centers, localizados no Distrito Federal, Rio de Janeiro e em São Paulo. A Dataprev, entre outros serviços, processa o pagamento mensal de cerca de 34,5 milhões de benefícios previdenciários e é responsável pela aplicação on-line que faz a liberação de seguro-desemprego Foto: André Coelho / Agência O Globo
CEAGESP -A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo é a maior central de abastecimento de frutas, legumes, verduras, flores, pescados e diversos (alho, batata, cebola, coco seco e ovos) da América Latina, por onde circulam cerca de 50 mil pessoas e 12 mil veículos diariamente Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
CBTU - A Companhia Brasileira de Trens Urbanos atua no transporte de passageiros nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Natal (RN). Tornou-se empresa pública em junho de 2018, após Assembleia Geral Extraordinária Foto:
CEITEC - Instalado em Porto Alegre (RS), o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada atua no segmento de semicondutores. Projeta, fabrica e comercializa circuitos integrados para aplicações como identificação patrimonial/logística, identificação pessoal e veicular Foto:
SERPRO - É líder no mercado de TI para o setor público. Atualmente também oferece serviços especializados ao setor privado. Tem 9.083 funcionários. A empresa lucrou R$ 459 milhões no ano passado. Foto: André Coelho- Agência O Globo

— E minha querida imprensa, isso (autonomia do BC) não é uma resposta ao caso Petrobras. Não. Até porque isso já vinha sendo trabalhado há muito, bem como o projeto sobre os Correios, bem como a MP de ontem sobre o sistema elétrico. Nós, então, (estamos) abrindo, se integrando, democratizando não apenas no discurso, mas com atos, é que nós mostramos que o Brasil pode mudar.

Ainda sem modelo para vender Correios

Como mostrou o GLOBO em outubro, o governo finalizou um texto para destravar a privatização dos Correios no ano passado, mas a proposta não chegou a ser encaminhada ao Legislativo. O governo não descarta até mesmo a liquidação da estatal, mas ainda faltam estudos objetivos.

O texto não apresenta um modelo claro de privatização, mas abre possibilidades. O próprio governo acredita que o projeto só deva ser votado no fim do ano. Por isso, a privatização deve ficar para 2022.

A venda da estatal depende da regulamentação de um trecho da Constituição. Com exceção de subsidiárias, a desestatização de empresas públicas precisa de autorização dos parlamentares para avançar.

Funcionários questionam projeto sem estudo

Em comunicado, a Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), que se opõe à privatização, reagiu dizendo que "causa estranheza o governo apresentar ao Congresso Nacional um projeto antes mesmo de se ter a conclusão dos estudos em curso no BNDES, que, conforme noticiado antes, poderiam apontar até mesmo que os Corrreios deveriam permanecer como estão".

A entidade também afirma que é "motivo de preocupação" o fato de a sociedade não ter tido oportunidade de discutir previamente o tema, dada a falta de estudos sobre os resultados que poderiam ser colhidos.

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A Adcap afirma ainda que há poucos serviços postais privatizados no mundo, o que seria um sinal de que a medida não seria positiva em relação ao custo para a população, por exemplo.

"A Adcap espera que deputados e senadores saibam avaliar com o cuidado e a cautela necessários esse projeto, que lhes chega dessa forma atribulada, sem base técnica consolidada e sem o necessário amadurecimento junto à sociedade", diz o texto.

Fim do monopólio de serviço postal

O projeto de venda da estatal permite que os serviços postais, inclusive os prestados em regime de monopólio possam ser explorados pela iniciativa privada.

A proposta disciplina o Sistema Nacional de Serviços Postais (SNSP), correspondências e objetos postais e emissão e fabricação de selos e o Serviço Postal Universal, cuja garantia de prestação é obrigatória da União, em todo o território nacional, de modo contínuo e a preços competitivos.

Outra novidade é a transformação dos Correios em sociedade de economia mista.

Segundo fontes a par das discussões, o projeto não significa, por si só, a extinção dos Correios. O objetivo é estimular a concorrência no setor, criando condições para a entrada do setor privado, em regime de concessão, cadastro ou parceria.

O modelo final a ser adotado para o setor ainda depende de estudos econômicos e setoriais.

O projeto também aumenta as competências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que passará a se chamar Agência Nacional de Telecomunicações e Serviços Postais.

Concorrência no radar

Entre os motivos alegados pelo governo para privatizar os Correios é a necessidade de ampliar os investimentos para enfrentar a concorrência no segmento de encomendas. A estatal investe apenas 2,8% da receita operacional, enquanto que FedEx e SingPost, a proporção fica entre 13% e 14%.

Outra questão diz respeito à situação financeira delicada da estatal, diante do peso elevado das despesas com pessoal. Esse gasto representa 64% dos seus custos totais da empresa, são quase 100 mil funcionários, “tornando-a uma das empresas postais com maior custo relativo de pessoal do mundo”, diz a nota técnica.

Além disso, a estatal apresenta ineficiências operacionais, a relação custo total e receitas supera 90%.

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