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Mercedes-Benz anuncia fechamento de fábrica no Brasil

Os primeiros indícios de que o fim estava próximo surgiram já em 2017. Na época, Philipp Schiemer, então presidente da empresa, revelou à revista "Exame" que poderia fechar a fábrica se não houvesse resultados financeiros sustentáveis.

Importante lembrar que a fábrica de Iracemápolis foi construída por conta de políticas vigentes na época, mas o fim do Inovar-Auto e a demora na aprovação do Rota 2030 prejudicaram empresas como a Mercedes.

Sem saída




Em 2018, dois anos após a inauguração, a linha de montagem operava com 35% da capacidade total - e o dólar nem havia atingido os valores estratosféricos dos últimos meses.

Já em julho deste ano, Ola Källenius, CEO da Daimler, acenou com o fim da fábrica brasileira ao jornal alemão "Handelsblatt" e admitiu que o complexo estava "no limite econômico".

A estreia da segunda geração do GLA demandaria novos investimentos para a nacionalização. Isso porque o SUV (que deve chegar ao Brasil em 2021) ficou mais moderno e caro do que o carro atualmente vendido no país. Assim, a montadora até cogitou produzir outros modelos em Iracemápolis, como o Classe A Sedan. Mas acabou desistindo da ideia.

Filme repetido

MB MG 1 - Divulgação - Divulgação
Complexo foi inaugurado em 1999 para fazer o inédito Classe A
Imagem: Divulgação

O fim da produção de automóveis em Iracemápolis (SP) representa um sério problema para a empresa, que ainda estuda como aproveitar o complexo. O dilema lembra um episódio muito semelhante ocorrido quase duas décadas atrás.

Em 1999, a Mercedes-Benz inaugurou uma fábrica em Juiz de Fora (MG). Lá seria produzido o Classe A, um monovolume cuja premissa era trazer toda a sofisticação dos modelos mais luxuosos a um segmento até então inexplorado pela marca em vários mercados, como o Brasil.

Àquela época, a Mercedes ainda se recuperava do baque causado pelo desempenho catastrófico no "teste do alce" em 1997.

Classe A alce - Reprodução/Teknikens Värld - Reprodução/Teknikens Värld
Classe A passou vergonha no teste do alce feito em 1997
Imagem: Reprodução/Teknikens Värld

Após fazer uma mudança repentina de trajetória (como se precisasse desviar de um animal ou um pedestre) e tentar retomar o traçado original, o compacto capotou. Se serve de consolo, o vexame serviu para que o Classe A ganhasse um novo ajuste de suspensão e controle de estabilidade (item raro em carros de entrada daquele tempo) de série.

No Brasil, porém, o Classe A não teve um bom desempenho. Parte da culpa estava em seu preço salgado, que na época partia de aproximadamente R$ 30 mil.

Além disso, a valorização do dólar (sempre ele) atrapalhou os planos da Mercedes, que começou a ter dificuldades para manter as peças importadas a valores competitivos.

De carros para caminhões

Classe A - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Monovolume era caro demais para a época e não vendeu bem
Imagem: Murilo Góes/UOL

Mesmo assim, o monovolume resistiu até agosto de 2005, quando saiu de cena após 63.448 exemplares produzidos.

Só que ainda havia a tal fábrica mineira. A decisão imediata foi iniciar a montagem do Classe C em regime de CKD, no qual as peças são trazidas de fora e o veículo é literalmente montado aqui. As unidades feitas aqui eram exportadas para os Estados Unidos.

MB Juiz de Fora 2 - Divulgação - Divulgação
Sem Actros, planta mineira se dedica à produção de cabinas







Imagem: Divulgação

Em janeiro de 2008, a empresa deu início à produção do CLC para abastecer diversos mercados no mundo. Curiosamente, o carro só foi lançado no Brasil em 2009. A produção durou até dezembro de 2010.

Desde então, a Mercedes decidiu transformar a fábrica de Juiz de Fora para produzir caminhões. Em maio de 2012, a fábrica começou a fazer os caminhões Accelo e Actros. Entretanto, com o fim da produção do Actros no segundo semestre deste ano, hoje a planta é responsável apenas pela fabricação de cabinas.

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