Boris Feldman
De acordo com declarações públicas, o fim do DPVAT pode estar nos planos da nova superintendente da Susep, Solange Vieira. Boris Feldman explica o que isso quer dizer, e reconta todo o histórico da Seguradora
Líder e do seguro obrigatório contra acidentes de trânsito. Confira:
Em coletiva de imprensa na quarta-feira (29), a superintendente da
Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira declarou
querer o fim do DPVAT.
O “Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres”, abreviado para DPVAT, é um seguro obrigatório pago anualmente por todos os proprietários de veículos. O sistema já foi alvo de investigações a nível federal que revelaram uma enorme rede de corrupção. Essa é uma das razões citadas por Vieira para o fim do DPVAT.
Além disso, como o AutoPapo vem mostrando com exclusividade, o seguro tem deixado de pagar indenização a vítimas legítimas de trânsito, deixando-as para morrer nos hospitais.
Já ouvimos diversas denúncias, com vídeos, fotos e documentação completa, que indicam um comportamento esquivo pela administração do DPVAT.
O seguro obrigatório é administrado por um consórcio de seguradoras privadas, apesar de ser uma taxa obrigatória e cobrado pelo sistema público. O nome desse consórcio é Seguradora Líder, e atrás dela estão gigantes como Bradesco, Porto Seguro, Caixa Seguros e Banco do Brasil, entre outras.
Fim do DPVAT: corrupção desvia fundos do povo brasileiro
As fraudes do DPVAT são tão gigantescas que o valor cobrado anualmente dos motoristas diminuiu nos últimos anos. Calcula-se que a corrupção embrenhada no seguro automotivo foi usado para desviar R$ 4,8 bilhões do povo brasileiro.Enquanto isso, vítimas de trânsito permanecem sem a assistência que lhes é direito. O seguro deveria cobrir lesões e morte de qualquer cidadão envolvido em acidentes de trânsito, mesmo pedestres não habilitados.
O que viria depois?
O fim do DPVAT não quer dizer o fim da cobertura a vítimas de acidente de trânsito. A alternativa que se busca é a de desarticular o monopólio que fica sob controle da Seguradora Líder, visto como o instigador de toda a corrupção.
Assim, uma possibilidade é que o dono do veículo poderia escolher
qual seguradora contratar, como em qualquer país. É esse tipo de solução
que a superintendente da Susep, Solange Vieira, parece sugerir em sua
fala.
A partir de um estudo da McKinsey & Company, que analisou o
seguro de acidentes de trânsito em 36 países, “foi produzido um
documento com 19 propostas para o aprimoramento do modelo de gestão do
Seguro DPVAT e encaminhado à Susep, assinado conjuntamente com a
Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência
Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e a Federação
Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).
“[…] A Líder propõe, por exemplo, que a indenização máxima no país passe de R$ 13.500 para R$ 25.000. A revisão dos valores do Seguro DPVAT depende de mudança na legislação, uma vez que são definidos pelas leis 6.194/1974 e 11.945/2009.
“[…] Além disso, a Seguradora integra a comissão especial criada pela Susep com o intuito de debater melhorias no atual modelo do seguro obrigatório de acidentes de trânsito do Brasil. Foram realizados diversos encontros e um relatório preliminar já foi disponibilizado no site da Susep”.
O AutoPapo procurou, também, o presidente de uma das seguradoras que participam da Seguradora Líder, o senhor Sérgio Wais, a respeito das declarações da Líder. Segundo ele:
“Essa mudança por parte da Susep já vem sendo apregoada há mais de 4
anos pelos órgãos técnicos da Superintendência de Seguros Privados. E
ela se deve basicamente a uma concepção equivocada, para não usar um
outro termo, por parte das autoridades da própria Susep e do Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNseg), que em função de um lobby dos
grandes grupos financeiros implantou um monopólio que é amplamente
nocivo à sociedade como um todo e o Brasil, daí derivando uma série de
crimes já devidamente comprovados pela operação Tempo de Despertar, pelo
Tribunal de Contas da União e pela própria Susep.
“Então qualquer outra colocação que não seja em função do monopólio dito pela própria superintendência, e dos crimes e desvios cometidos em função desse monopólio pelos grandes grupos financeiros, é pura balela”.
O que a Seguradora Líder tem a dizer
Procurada pelo AutoPapo, a Líder “acredita que o atual modelo de operação e gestão do Seguro DPVAT pode, e deve, ser aperfeiçoado”.“[…] A Líder propõe, por exemplo, que a indenização máxima no país passe de R$ 13.500 para R$ 25.000. A revisão dos valores do Seguro DPVAT depende de mudança na legislação, uma vez que são definidos pelas leis 6.194/1974 e 11.945/2009.
“[…] Além disso, a Seguradora integra a comissão especial criada pela Susep com o intuito de debater melhorias no atual modelo do seguro obrigatório de acidentes de trânsito do Brasil. Foram realizados diversos encontros e um relatório preliminar já foi disponibilizado no site da Susep”.
O AutoPapo procurou, também, o presidente de uma das seguradoras que participam da Seguradora Líder, o senhor Sérgio Wais, a respeito das declarações da Líder. Segundo ele:
“Então qualquer outra colocação que não seja em função do monopólio dito pela própria superintendência, e dos crimes e desvios cometidos em função desse monopólio pelos grandes grupos financeiros, é pura balela”.
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