Receber uma ligação dizendo que uma compra suspeita foi feita e que um motoboy vai até sua casa pegar o cartão para uma análise. Ir em uma loja e não perceber que, por alguns segundos, o funcionário levou seu cartão para longe de você e tirou uma foto. Receber mensagens sobre prêmios, bastando informar alguns dados para resgatá-lo.
O que essas situações têm em comum? São golpes. Criminosos usam técnicas para manipular e convencer as pessoas a revelar dados e utilizam até tecnologias para desviar ligações ou fazer sites idênticos ao de instituições financeiras. Com dados bancários em mãos, transferem dinheiro, fazem saques e realizam compras.
“Enquanto os bancos investem para blindar seus sistemas e evitar golpes, os fraudadores também se atualizam e até superam esses esforços”, disse a coordenadora do Procon-SP Renata Reis.
Para a especialista, o banco deve se responsabilizar pela fraude. Na prática, porém, alguns consumidores podem ter dificuldade para conseguir o dinheiro de volta. O Judiciário está mais rigoroso na análise de casos de fraudes e não tem devolvido dinheiro de quem cai em golpe e dá a senha do banco. Por isso, a atenção deve ser redobrada.
Para listar golpes aplicados por esses criminosos e maneiras de evitar essas armadilhas, o UOL conversou com o delegado titular da 2ª Delegacia de Investigações Gerais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Mauro Fachini, com a coordenadora do Procon-SP Renata Reis, com a economista do Idec Ione Amorim, e com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), além de Bradesco, Caixa, Itaú e Santander. Confira:
Motoboy busca o cartão
Imagem: Getty Images/iStockphoto
O consumidor recebe uma ligação dizendo que uma compra suspeita foi realizada com seu cartão de crédito. O atendente orienta o consumidor a entrar em contato com a instituição financeira pelo número de telefone que aparece no verso do cartão.
Quando o cliente liga, a linha é desviada para outro atendente, que se passa por funcionário e pede para que a vítima informe ou digite a senha do cartão. Em seguida, pede para que o cartão seja quebrado ao meio. O suposto atendente sugere que uma análise seja feita e oferece um motoboy para buscar o cartão. É quando passam a ter em mãos os dados do cliente, a senha e o cartão com o chip intacto.
Como evitar:
Não informe suas senhas a ninguém, mesmo que a pessoa se identifique como funcionário do banco ou da administradora de cartões
Lembre-se de que bancos não enviam motoboys ou funcionários para retirar cartões. Também não pedem a devolução deles
Caso receba uma ligação suspeita, desligue e, a partir de outro telefone, entre em contato com a central de atendimento pelos telefones indicados no site do banco ou no verso do cartão. Outra opção é ligar diretamente para o gerente
Sempre que for descartar um cartão, lembre-se de cortar o chip e a tarja
Emails levam para sites falsos
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Os criminosos enviam emails com conteúdos atrativos para o consumidor clicar e ser direcionado para um site falso. Esses emails também podem infectar computadores, tablets ou celulares. Podem ser vírus, programas que ativam funcionalidades sem você saber ou que monitoram e controlam seu computador. Títulos de emails mais comuns:
"Intimação da Receita Federal – Você caiu na malha fina"
"Sorteio de Dia das Mães – Você ganhou um carro 0 km"
"Resgate seu FGTS já – Clique no link e receba agora"
"Empréstimo facilitado e com a menor taxa do mercado – Contrate agora"
Como evitar:
Se receber emails com esses conteúdos, não abra nem clique em anexos e links
Não responda a emails que pedem número de conta bancária, agência e senhas
Procure sempre um computador pessoal para realizar transações bancárias e compras
Se suspeitar que o computador foi infectado, leve-o até um técnico de confiança
Faça downloads e instale programas apenas de sites que você conheça
Lembre-se de desmarcar o memorizador de senhas e sempre clique em sair ao término de sua navegação
Não guarde senhas em arquivos de computador
Mensagem de texto com vírus
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Consumidores podem receber mensagens de texto que os induzam a baixar algum programa que invada o celular. São usados os seguintes conteúdos:
“Negativação de CPF. Verifique com urgência”
“Confirme seus dados para evitar o bloqueio de seu cartão de crédito”
“Você foi sorteado. Acesse o link e receba”
Como evitar:
Desconfie de mensagens de números particulares
Erros de português são indícios de que podem ser golpistas tentando obter dados
Ao desconfiar da mensagem, não responda
Não deixe senhas anotadas em blocos de notas no celular
Ligações para roubar senhas
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Fraudadores se apresentam como representantes de falsas centrais de atendimento de bancos ou administradoras de cartão de crédito. Sempre muito cordiais, os criminosos usam técnicas para induzir a pessoa a informar dados pessoais, senhas, chaves digitais e número de cartões.
Como evitar:
Não forneça nem confirme dados pessoais, bancários ou senhas, mesmo que a pessoa se identifique como funcionário do banco ou da administradora de cartões
Bancos não entram em contato por telefone solicitando senhas, códigos de acessos ou outras informações pessoais
Não use celulares de outras pessoas para entrar em contato com o banco. Os dados de sua conta podem ficar registrados na memória do aparelho
Troca ou foto do cartão de crédito
Imagem: Getty Images/iStockphoto
A troca de cartões pode acontecer em lugares cheios, como bares, shows e festas de rua, por exemplo. Ao passar o cartão pela primeira vez, o golpista diz que a transação não foi autorizada ou que a máquina está sem sinal. A primeira máquina é usada apenas para pegar a senha. Após passar o cartão novamente, o golpista devolve um cartão semelhante, e a vítima normalmente não percebe a troca.
Pode acontecer também de o cliente entregar o cartão para o funcionário e ele dizer que vai buscar a máquina, levando o cartão para outro lugar ou deixando-o em um local que não dá para ver. O funcionário tira uma foto do número do cartão e do código de segurança.
Como evitar:
Quando entregar seu cartão, fique sempre de olho
Não permita que o vendedor leve o cartão para outro lugar
Faça um controle periódico da fatura de seu cartão de crédito e de seu extrato bancário. Avalie a necessidade de contratar um serviço de recebimento de mensagem em caso de transações com seu cartão
Sempre confira se o cartão devolvido é realmente o seu
Falsa ajuda em caixas eletrônicos
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Criminosos aproveitam o descuido e a ingenuidade de clientes para obter informações relacionadas a contas e senhas. Passam-se por funcionários para descobrir os dados das vítimas ou adulteram os caixas eletrônicos.
Como evitar:
Nunca aceite ou peça ajuda de estranhos, principalmente nos caixas eletrônicos
Só aceite ajuda de funcionário devidamente uniformizado e identificado por crachá do banco, mas não forneça sua senha
Ao fazer as operações nos caixas eletrônicos, fique atento à presença de pessoas suspeitas
Não utilize o caixa se suspeitar de qualquer anormalidade, como fiação aparente
Faturas e boletos adulterados
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Códigos de barras de boletos e faturas podem ser adulterados para que o pagamento seja direcionado para a conta de um fraudador. O consumidor só descobre que caiu em um golpe quando é cobrado por quem deveria ter recebido o dinheiro.
Como evitar:
Confira os dados do beneficiário antes de finalizar a transação
Os primeiros três números do código de barras devem ser iguais ao número de registro do banco. Clique aqui para ver os códigos das instituições
Falhas no código de barras ou borrões podem indicar fraudes
Cuidado com ligações telefônicas ou emails dizendo que há necessidade de substituição de boletos de cobrança
Só solicite a segunda via de um boleto ou fatura pelo site da instituição financeira responsável pela emissão do documento
Caí em um golpe, o que faço?
Se perceber que caiu em um golpe, a orientação de Fachini é registrar um boletim de ocorrência. "Se a pessoa se sentiu lesada, ameaçada ou acha que algum sigilo de dados cadastrais foi quebrado, sempre cabe o boletim de ocorrência, mesmo se só recebeu a ligação."
Segundo o delegado, qualquer informação sobre a fraude pode ajudar nas investigações.
O consumidor também deve entrar em contato com o banco pelo SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) para informar a situação. Tenha com você detalhes da transação indevida, como data e valores descontados. A instituição terá um prazo de cinco dias úteis para dar uma resposta sobre a devolução do dinheiro.
Se o banco não resolver a situação ou não der uma resposta, o consumidor pode registrar uma queixa na ouvidoria da instituição. Também é possível fazer uma reclamação no Banco Central, em órgãos de defesa do consumidor ou buscar a Justiça.
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