Huawei não vai mais vender smartphones no Brasil com a Positivo

Em junho deste ano, a gigante chinesa Huawei, segunda maior fabricante de smartphones do mundo, anunciou que voltaria a vender celulares no Brasil em parceria com a empresa nacional Positivo. Mas seis meses depois, os planos parecem ser outros.
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olhardigital.com.br
[Atualizado às 11h10 de 12/12 com novo posicionamento da Positivo]
Em junho deste ano, a gigante chinesa Huawei, segunda maior fabricante de smartphones do mundo, anunciou que voltaria a vender celulares no Brasil em parceria com a empresa nacional Positivo. Mas seis meses depois, os planos parecem ser outros.
O Valor Econômico afirma em reportagem publicada nesta terça-feira, 11, que a Huawei não vai mais vender smartphones no Brasil junto com a Positivo. Os chineses estariam "em busca de distribuidores e de profissionais para estabelecer uma operação de venda direta no país", segundo o jornal.
Veja também:Presa no Canadá, futuro da diretora da Huawei será decidido em audiência nesta terça-feiraEUA pedem que países aliados não usem equipamentos da chinesa HuaweiO que houve com o retorno da Huawei ao Brasil?
A ideia original era de que a Positivo venderia os smartphones da Huawei no Brasil aproveitando sua estrutura de logística já bem estabelecida no país. A princípio, os aparelhos seriam importados, mas se fizessem sucesso, a fabricação passaria a ser feita aqui mesmo.
Um dos primeiros lançamentos da parceria chegou a ser confirmado: o P20 Pro, celular de câmera tripla líder do ranking das melhores câmeras de celular do mundo. Mas, segundo o Valor, a ideia agora é que a Huawei venda por conta própria seus smartphones, com direito a fabricação local.
Segundo o jornal, que cita fontes próximas ao assunto, a montagem dos smartphones da Huawei no Brasil ficará a cargo de uma fábrica terceirizada, como a Foxonn, que faz iPhones mundo afora.
Procurada, a Huawei informou em nota que "não há novidades" sobre a venda de smartphones no Brasil, mas adiantou que, "de qualquer maneira, a empresa já tem feito os estudos de mercado necessários para seguir com o tema localmente".
A Positivo, por meio de sua assessoria de imprensa, enviou ao Olhar Digita o seguinte posicionamento: "diante de todos os acontecimentos recentes, a Positivo ainda está em fase de discussão com a Huawei sobre se irá participar e como será sua eventual entrada no Brasil".

Histórico

Esta seria a segunda passagem da Huawei pelo mercado de celulares do Brasil. A empresa chegou por aqui em 2002 e, desde então, mantém presença constante no país atuando no setor de infraestrutura em telecomunicações. O primeiro smartphone Android que a empresa lançou por aqui foi o Ascend G510, que era fabricado no Brasil e saiu em agosto de 2013.
O mercado brasileiro não recebeu bem a marca, que saiu de cena apenas um ano depois, com o lançamento do Ascend P7. Nesse meio tempo, a empresa também lançou o primeiro aparelho com a marca Honor no país, uma linha um pouco mais acessível, vendido exclusivamente pela internet.
Em junho deste ano, um porta-voz da empresa confirmou ao Olhar Digital que a Huawei voltaria a comercializar smartphones aqui a partir do começo do segundo semestre de 2018. Mas, desta vez, a empresa tentaria uma bordagem diferente: uma parceria de distribuição com a brasileira Positivo.
Em agosto, a última novidade sobre o assunto: dois smartphones da Huawei foram homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Primeiro foi o Nova 3i, um intermediário que não havia sido citado anteriormente, e depois foi o já aguardado P20 Pro, homologado com suporte a até dois chips de operadora.
E, desde então, silêncio de todos os lados. Em novembro, o Olhar Digital entrou em contato com a Positivo para saber o que aconteceu. A empresa pediu que nós procurássemos a assessoria de imprensa da Huawei "para mais detalhes". Procurada, a assessoria da Huawei respondeu à nossa solicitação dizendo apenas que "não há novidades" para compartilhar no momento.

O que pode ter acontecido

É importante lembrar, porém, que a Huawei já ensaiou um retorno ao Brasil antes. Em 2016, o Nexus 6P, um smartphone com Android puro e fabricado pela chinesa em parceria com o Google, chegou a ser homologado pela Anatel. A Huawei até provocou fãs no Twitter prometendo anúncio oficial para breve. Mas o celular nunca foi vendido por aqui.
Além disso, o mercado nacional de smartphones, dominado por Samsung, Motorola e LG (com algum espaço para a Asus e Apple) nem sempre é receptivo a nomes desconhecidos do consumidor. Outra chinesa, a Xiaomi, por exemplo, ficou apenas um ano em sua passagem por aqui. Junte isso ao histórico de resistência e de desistência da Huawei no Brasil, e os obstáculos ficam nítidos.
"O Brasil é um país complexo, as vendas dependem muito do varejo, que é bastante segmentado, enquanto as operadoras têm um poder muito grande em outros países. É preciso ter contatos com lojistas de diversas regiões, o Brasil não é para amadores", disse Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de mobilidade da Positivo, em entrevista à Exame em julho.
Vale lembrar também que, se a estratégia inicial era vender modelos importados, o valor do dólar tem função importante na equação. No início de junho, quando o retorno da Huawei foi anunciado, a moeda americana valia cerca de R$ 3,80 e estava em alta. Chegou a subir 7,95% até chegar a R$ 4,21 em setembro. E só agora está no mesmo patamar que em junho.
A instabilidade da economia e as incertezas para o futuro podem ter pesado na decisão da Huawei de manter cautela. Mas é provável que o Brasil seja um importante mercado na estratégia de dominação global da empresa até 2020, especialmente diante da decisão de países como Estados Unidos, Japão e Reino Unido de barrar negócios com a empresa.
A Huawei também enfrenta uma outra crise no momento: a prisão de Meng Wanzhou, vice-presidente do conselho administrativo da empresa. A executiva foi presa num aeroporto em Vancouver, no Canadá, em 1 de dezembro, a pedido dos EUA, que a acusam de fraude fiscal. Meng aguarda decisão da Justiça para saber se será extraditada aos EUA ou se poderá deixar a prisão pagando fiança. O caso criou uma crise diplomática entre China, EUA e Canadá.
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