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Droga antiobesidade: cientistas criam medicamento derivado da pimenta

Via: SuperInteressante ·
by Ana Carolina Leonardi


Você já deve ter ouvido falar mil vezes sobre alimentos que “emagrecem” ou têm “calorias negativas”. Na maioria das vezes, essa história é balela. Mas alguns compostos presentes em alimentos podem, sim, ter efeitos significativos sobre a massa corporal – principalmente se eles forem isolados e usados como princípios ativos de remédios.
É o caso da capsaicina. O nome estranho designa nada mais do que a substância que faz as pimentas – especialmente a chili, aquela famosa nos desenhos animados e tatuagens duvidosas – e as sementes de pimentão terem a sua ardência característica.
A capsaicina já é interessante por si própria. Por que diabos alguns vegetais têm concentrações tão altas dela? Segundo cientistas, o mais provável é que seja para escolher por quem elas preferem ser devoradas. Quem diria que plantas podem ser tão exigentes na hora de virar jantar.
É que a capsaicina só tem esse efeito ardido em mamíferos. Nas aves, ela não causa incômodo algum. Não é coincidência: um pássaro que come pimentão vai engolir as sementes e, ao fazer as suas necessidades, expeli-las intactas no solo, onde pode nascer outra planta. Já o sistema digestório dos mamíferos tende a destruir a capacidade da semente de se desenvolver. A ardência da pimenta, portanto, é uma questão de sobrevivência da espécie.

O remédio “feito” de pimenta

Voltando ao projeto de emagrecimento, essa mesma capsaicina está sendo testada em ratos, na forma de um remédio desenvolvido pela Universidade de Wyoming. Chamado de Metabocin, ele tira proveito de outra característica especial da substância: ela, segundo o senso comum, seria capaz de estimular a queima de gordura pelas células.
Até aqui, a pesquisa confirmou a sabedoria popular. Os ratinhos foram, primeiro, mantidos em uma dieta rica em gorduras. Depois, eles foram medicados com Metabocin por 8 meses seguidos.
Segundo o time responsável pelo estudo, o compromisso tem como alvo receptores celulares chamados TRPV1s. Eles são comuns em células de gordura – e, quando estimulados, convencem as células a reduzir o armazenamento de gordura, gastando a energia que elas já acumularam.
A consequência natural, portanto, seria o emagrecimento. O problema é que tudo que tem um impacto agressivo no funcionamento do organismo tende a causar inflamação. E os riscos podem não valer a pena simplesmente pela perda de peso – que nem sempre é sinal de falta de saúde, vale acrescentar.
Os cientistas, é claro, estavam cientes disso e acompanharam de perto como o Metabocin afetava os níveis de inflamação do corpo. Felizmente, não encontraram nenhum problema que ameaçasse a segurança dos ratinhos. Pelo contrário: a droga permaneceu efetiva durante todo o período.
Os maiores benefícios percebidos no teste não são nem ligados ao peso – mas, sim, aos efeitos adversos que uma dieta rica em gordura podem causar. O remédio provocou melhora nos níveis de colesterol, glicose, sensibilidade à insulina e até sintomas de gordura acumulada no fígado.
Esses indícios promissores provavelmente vão levar a droga ao próximo patamar de testes – até ser, eventualmente, testada em humanos.
Enquanto isso, é importante destacar o alerta mais importante dessa matéria: não (NÃO!) tente se entupir de pimenta para emagrecer.
É sério. Não vai funcionar: a capsaicina não é bem absorvida pelo organismo durante a digestão. Em laboratório, ela é isolada e colocada em cápsulas ou comprimidos criados especificamente para liberar a substância na parte certa do sistema digestório. E para liberá-las aos poucos, prolongando a duração do efeito.
Tentar uma versão “faça você mesmo” além de inútil, pode ser perigoso. Você só vai arder a boca – e, quem sabe, até provocar uma irritação braba no estômago – à toa. Por fim, é sempre bom lembrar: se você está disposta ou disposto a ir a tais extremos pelo emagrecimento (e se dedica tempo demais pensando no seu peso) o ideal não é torcer pela aprovação de um Metabocin da vida. E, sim, procurar ajuda.
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