Foi exatamente isso o que encontramos em nosso teste de segurança alimentar
feito com esses produtos. Para verificar a presença de matérias
estranhas, como ácaros, pelo de roedor e insetos, fossem elas visíveis
ou não a olho nu, levamos oito marcas ao laboratório: quatro de café e quatro de farinha de trigo.
Café: inseto dentro da embalagem
Para a realização deste teste, levamos em conta o regulamento técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabelece os requisitos mínimos para avaliação de matérias estranhas macroscópicas e microscópicas em alimentos e bebidas, assim como seus limites de tolerância (RDC 14/2014). É isso mesmo: segundo a legislação, cada produto pode trazer certa quantidade de corpos estranhos. O máximo permitido no pó de café, por exemplo, são 60 fragmentos de insetos em 25 g do alimento.
O café Melitta desapontou, e muito. Isso porque encontramos um inseto inteiro morto
na amostra. Além de estar em desacordo com a legislação, que não prevê a
presença de insetos inteiros no pó de café, isso mostra que pode ter
havido falhas no processo de produção, manipulação ou armazenamento do
produto.
No café 3 Corações verificamos 15 fragmentos de insetos
– número que está dentro do previsto na legislação. Olhando por esse
ângulo, ele não apresentou problemas. Contudo, acreditamos que o ideal é
o alimento estar totalmente livre de matérias estranhas. E isso é sim
possível: nas marcas Caboclo e Pilão não detectamos nenhum corpo estranho, fosse ele macroscópico ou microscópico.
Agora você deve estar se perguntando quais riscos um café preparado
com as amostras das marcas Melitta e 3 Corações poderiam causar à
saúde. Dificilmente a ingestão de algumas xícaras seria capaz de trazer
danos ao organismo. Porém, se há produtos livres de matérias estranhas no mercado, por que dar preferência àqueles que possuem inseto ou fragmentos de inseto dentro de suas embalagens?
Farinha de trigo: encontramos pelo de roedor
Entre as farinhas de trigo avaliadas, a da marca Sol foi considerada imprópria para consumo, pois nela detectamos um fragmento de pelo de roedor.
Isso mostra grave falha no processo de fabricação do produto. Vale
destacar ainda que, segundo a legislação, pelos de roedores, como os de
rato, os de ratazana e os de camundongo, são potenciais transmissores de
doenças.
Embora para alguns produtos o regulamento da Anvisa seja tolerante em relação à presença de pelo de roedor, como é o caso do ketchup (1 fragmento em 50 g do alimento), essa regra não se aplica à farinha de trigo: de acordo com a legislação, é permitido que existam 75 fragmentos de insetos em 50 g do alimento.
As outras farinhas de trigo avaliadas, Renata, Dona Benta e Rosa Branca,
apresentaram, respectivamente, 33, três e cinco fragmentos de insetos
em 50 g de amostra. Ou seja, elas estão dentro do que exige a Anvisa.
Mas aqui vale o mesmo já dito sobre o café: bom mesmo seria se não
tivéssemos encontrado matérias estranhas nos produtos.
É importante ressaltar que os resultados deste teste retratam uma
fotografia do momento. Portanto, refletem o cenário atual e relacionado
às amostras analisadas. Dessa forma, frente aos problemas, pedimos a retirada dos lotes do café Melitta e da farinha de trigo Sol do mercado. Além disso, continuamos na luta por uma legislação mais rigorosa
em relação à presença de matérias estranhas nos alimentos oferecidos
aos consumidores: na prática, pedimos a revisão do regulamento técnico
da Anvisa que trata desse assunto (RDC 14/2014).
FONTE: PROTESTE
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