Mas um novo procedimento pouco invasivo, feito por um cirurgião plástico, promete diminuir e até acabar completamente com as crises de enxaqueca. O procedimento está sendo realizado no Brasil de maneira experimental por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"Ele é indicado para pacientes crônicos, cuja medicação tradicional ou outros tratamentos não resolveram o problema", explica Paolo Rubez, cirurgião plástico e mestre pela Unifesp, que estudou sobre a cirurgia durante cinco anos com seu próprio criador, o americano Bahman Guyuron.
O cirurgião plástico e professor da Case Western Reserve University descobriu o procedimento no ano 2000, após alguns de seus pacientes relatarem que as dores de cabeça melhoravam muito depois de cirurgias estéticas na região frontal ou superior do rosto.
O cientista identificou que a operação reduzia a compressão de nervos responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo. A irritação desses nervos estimula a liberação de neurotoxinas e gera uma inflamação de estruturas ao redor do cérebro, o que causa sintomas como dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, e sensibilidade à luz e ao som, todos típicos da enxaqueca. Em um estudo publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, Guyuron demonstrou-se que o índice de sucesso da cirurgia de enxaqueca chega a 88%, entre cura total e melhora na dor.
Neurologistas não garantem sucesso
Apesar de o procedimento ser realizado há anos nos EUA e ter pesquisas sobre os resultados que pode trazer, neurologistas ouvidos pelo VivaBem não confirmam que a cirurgia vai solucionar quadros de enxaqueca.
“A cefaleia não é uma doença ligada ao nervo, e sim um problema genético. A pessoa tem uma predisposição para ter crises de dor. Por isso, o tratamento da enxaqueca visa encontrar e evitar possíveis gatilhos para o problema, como barulho, estresse emocional, luz, alguns tipos de alimentos etc.”, aponta Aline Turbino, neurologista e pesquisadora do Setor de Cefaleias da Escola Paulista de Medicina da Unifesp.
Fábio Porto, neurologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, também diz que optar pela cirurgia plástica para tratar a cefaleia não é uma recomendação clássica. “Os arquivos novos de enxaqueca nunca falaram sobre isso”, afirma.
Rubez comenta que muitos neurologistas desconhecem o procedimento pelo fato de ele ser realizado no Brasil ainda como pesquisa. “Nós fazemos uma avaliação criteriosa para identificar se o paciente realmente pode e precisa passar pela cirurgia. Só assim damos continuidade ao procedimento.”
O cirurgião plástico defende que a enxaqueca é uma junção do fator genético com o anatômico. “Ou seja, os nervos que dão sensibilidade para região da testa podem ter pontos de compressão. A cirurgia identifica quais são essas regiões e faz a descompressão, ajudando a reduzir os sintomas da cefaleia”, diz.
Como sei se devo fazer?
O primeiro passo é ser diagnosticado com enxaqueca por um neurologista. Caso todos os tratamentos indicados pelo profissional não tenham dado certo, é possível procurar a disciplina de cirurgia plástica da Unifesp e se candidatar ao tratamento que, lembramos, está em fase de teste. Ou seja, quem participar vai ser voluntário de um estudo e ainda não há garantia de resultado.
Como é a cirurgia
Rubez explica que a operação pode ser feita na região frontal, temporal, rinogênico ou occipital. A frontal é a mais comum, realizada em pacientes cujo início das dores ocorre na área dos supercílios. No procedimento, são feitas cortes nas pálpebras superiores ou no couro cabeludo, para diminuir a compressão nos nervos.
"Na região temporal, as incisões são realizadas no couro cabeludo. Na rinogênico a cirurgia é realizada por dentro do nariz e destinada aos pacientes que apresentam dores que se iniciam atrás dos olhos. O último tipo, o occipital, corresponde às dores na nuca, que podem ser causadas pela irritação de diversos nervos", diz.
Na consulta com o cirurgião plástico, são feitos exames físicos que vão identificar os pontos de dor do paciente. "Dependendo da cirurgia, podemos até usar anestesia local, mas a mais utilizada é a geral, com internação de 12 a 24 horas no hospital e recuperação tranquila", explica o médico.
Como não é uma cirurgia que mexe diretamente com o cérebro, acaba não sendo tão invasiva e pode ser feita sem a ajuda de um neurocirurgião. "Os riscos são os mesmos de uma cirurgia normal, por conta do corte e possíveis infecções, mas nada de anormal", ressalta.
Mas será que vai resolver o meu caso para sempre? "A ideia é que sim, mas como são seis tipos diferentes de cirurgia, pode acontecer de o paciente tratar um nervo e depois descobrir que havia outros com problema", explica o médico.
O que pode "disparar" uma enxaqueca?
As alterações bioquímicas acabam deixando o cérebro mais sensível a algumas situações que, quando acontecem, desencadeiam crises de enxaqueca. São os famosos gatilhos. Veja, abaixo, alguns deles:
• Estresse;
• Alterações hormonais;
• Jejum prolongado;
• Bebidas alcoólicas, como vinho;
• Alterações na rotina de sono;
• Mudanças climáticas;
• Luzes fortes;
• Café;
• Chocolate;
• Sorvete.
• Alterações hormonais;
• Jejum prolongado;
• Bebidas alcoólicas, como vinho;
• Alterações na rotina de sono;
• Mudanças climáticas;
• Luzes fortes;
• Café;
• Chocolate;
• Sorvete.
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